Para mim e para todos quanto estão dentro desta parceria, é sempre fascinante falarmos dos sentimentos que a audição de rádio nos permitem.
Naquela que foi a minha primeira experiência em algo mais próximo a uma rádio, viria a suceder em Espinho nos finais dos anos 60, numa cabine minúscula na esplanada da Av8, que transmitia musica ambiente no “picadeiro” do Casino e na marginal Rua 2 na frente ao mar, onde para além da voz na apresentação das faixas musicais, debitava os anúncios dos patrocinadores que comercialmente sustentavam a operação. Em 1973, pós serviço militar, entrada no RCP via Espaço 3P e quase em simultâneo, 1 hora de antena diária das 01H00 ás 02H00 no FM da Rádio Renascença, a produzir e realizar o programa TRAJECTÓRIA.
Com a revolução dos cravos, e as convulsões sociais que se geraram nessa sequência, a rádio e a comunicação social em particular, passaram para “segundas núpcias”, na minha carreira.
Em 1986/87 com o advento das rádios locais, e a minha reentrada no meio, através do Rádio Clube do Vouga, pela mão do meu saudoso amigo Jorge Elvas (grande profissional, infelizmente já ausente entre nós), projeto Severense que passaria a designar-se por Rádio Central do Vouga, por força da exigência do Regulador, (ERC). A primeira imagem que nos surge quando falamos de rádios piratas, é geralmente a de um punhado de “viciados em rádio”, quase todos amadores, muitos deles jovens, a recolherem os discos de vinil, os jurássicos gira-discos, a transformarem uma simples caixa de bolachas metálica e meia dúzia de componentes elétricos num emissor FM de 2Wats, alguns, pendurados em paredes do quarto. Proliferaram num ápice com um cariz localista e regional, assumindo-se, pelo menos numa primeira fase, como um palco para a expressão das populações e das comunidades locais.
Foi o caso de algumas nossas conhecidas na região de Sever do Vouga e nomeadamente a RCV no Espinheiro, por iniciativa do José Adílio Coutinho, e que acompanhei até 89, após a remodelação dos estúdios e a sua obvia legalização em 88.
Novo afastamento, outras andanças, e um regresso a Sever do Vouga, (2016) este para ficar, e eis que me confronto (confrontamos) com o facto do Concelho Região, ter ficado sem uma voz ativa, comunicacional, que desse seguimento às preocupações das populações e as fizesse chegar aos organismos instituições para assim equacionarem, democraticamente, a sua resolução.
Sabemos todos, estaremos certamente de acordo, que as rádios locais desempenham uma função social que se traduz no favorecimento de uma renovação da vida e das iniciativas locais. A rádio local, segundo esta perspetiva, permite à comunidade conhecer-se melhor.
Com base nessas premissas, jamais me conformando com a ausência de uma rádio local em Sever do Vouga, transferida intempestivamente para Aveiro, sem qualquer razão aparente e com a complacência de políticas evasivas da ERC, entendi lançar o desafio a uns quantos Severenses ligados à comunicação Social e cuja influência é notória. Foi desta maneira, que se deram os primeiros passos nas ideias, (já lá vai cerca de um ano), ao criarmos um núcleo de cidadãos imbuídos de um mesmo espírito, com o propósito de relançarmos um órgão de comunicação ativo, diário, interventivo, com maior proximidade, mais cerca dos problemas das populações.
Objetivamente, que servisse igualmente como caixa de ressonância, entre as autarquias o Município, as Associações, os Clubes Desportivos, Culturais, as iniciativas locais e os Severenses.
Tantas ideias, tantas opiniões, algumas cisões (fazem parte) formas diferentes de visões futuras, entre modelos empresarias ou associativos, este último, na opinião da maioria, aquele que melhor se coaduna com os objetivos comunicacionais, imparciais, isentos e com o rigor que se impõe nesta atividade, onde o fito, é servir de veículo de partilhas das problemáticas, sua resolução, eventos, iniciativas empresariais, em busca do bem estar social, onde a informação deverá desempenhar um papel importante no contexto comunicacional, num ambiente propiciador para o confronto de argumentos sobre as questões locais em “microfone aberto”.
Estaremos juntos na construção e na preservação de uma memória coletiva específica da nossa região e das regiões limítrofes, e nas localidades que dependem em parte, da exata adequação de estratégias de programação que se identifiquem com a audiência.
Este projeto denominado N16, (ideia retirada da principal via de acesso que atravessa os vários municípios onde ambicionamos estar) terá, pela sua própria definição, competências ao nível do discurso jornalístico, decorrentes da valorização do localismo, como forma de incremento das identidades específicas das comunidades envolventes que se pretende impactar.
Ambicionamos, à medida que vamos evoluindo no tempo e nos RH, estarmos presentes nas discussões públicas sobre políticas comuns, nos eventos culturais, desportivos e todos aqueles que pretendam catapultar a imagem de Sever do Vouga e de outros municípios, especialmente no corredor da N16.
Do discurso alternativo e próximo das populações locais, permitindo o seu acesso ao palco mediático e abordando as questões da comunidade, suscitando o debate público e promovendo a identidade local. As rádios locais foram cedendo à lógica do mercado, acabando por entrar em rutura financeira, como bem conhecemos e por tal facto, optamos por uma identidade Associativa, querendo assim contornar qualquer veleidade ou apetência para um afastamento dos objetivos iniciais que me moveram.
Finalmente, a opção pelo Streaming via rádio (Rádio Online)!
Para além da frequência atribuída FM (95.9) a Sever do Vouga estar deslocalizada, não permitindo obviamente potenciar a suas capacidades na sua plenitude, por parte das munícipes do concelho, que foram inopinadamente ostracizados, entramos irreversivelmente na época da transição das rádios, para a Web Rádio.
Não teremos público alvo, o alvo é comunicar para todos e servir de entretenimento o mais amplamente possível. Seremos generalistas QB.
Seremos N16 um portal de comunicação com origem em Sever do Vouga, transmitindo para a comunidade Severense e na rota da N16 (região de Lafões, S. Pedro do Sul, Vouzela, Oliveira de Frades, Sever do Vouga, Albergaria, Aveiro) para qualquer parte do mundo.